O cohousing é um modelo de moradia que combina privacidade com comunidade e que nasceu na Dinamarca nos anos 60. O conceito se espraiou pela Europa, ganhou a América do Norte, Canadá e Estados Unidos, onde seu número já passa dos 200, e agora os primeiros vão também sendo criados na Austrália, Nova Zelândia e Israel.

Com o envelhecimento acelerado de nossa população e a solidão e isolamento crescentes por conta do modelo de individualismo extremado ensinado por nossa sociedade contemporânea, o cohousing surge como um remédio eficaz contra esses males decorrentes deste estilo de vida. Estudos das Blue Zones, as regiões com o maior número de centenários per capita do mundo, demonstram que são as conexões sociais de qualidade o fator mais importante para um envelhecimento saudável e longevo.

Ao focar na cooperação e no valor da vida em comunidade, ao mesmo tempo em que se mantém a privacidade, o cohousing tem conquistado cada vez mais adeptos neste momento em que as pessoas começam a se dar conta sobre a importância das relações humanas de qualidade, de apoio mútuo, para uma vida mais saudável, rica e significativa para a terceira etapa da vida.

Um dos modelos em ascensão nos Estados Unidos e Inglaterra são os cohousings retrofits. Neles, um prédio de apartamentos, residencial, ou de escritórios, ambos desgastados pelo tempo, ganha uma readequação de uso através de uma reforma completa, que os revitaliza.

O centro de São Paulo é um prato cheio para arquitetos, urbanistas e incorporadores para se criar cohousings retrofitados voltados para o cohousing. Justamente pelo grande estoque de prédios antigos. O cohousing funcionará como catalisador de uma nova ocupação, renovada, vibrante, contribuindo para o redescobrimento do centro da cidade. 

O conceito do cohousing propõe um processo de formação da comunidade que ali irá conviver. O grupo em formação vai se reunindo de maneira a se construir, aos poucos, sob a coordenação de um facilitador experiente, a rede de relacionamento, respeito, cooperação, e amizade entre seus membros.

Pesquisas realizadas pela Free Aging, plataforma para o envelhecimento ativo, indicam que em apenas um mês mais de 300 de seus visitantes manifestaram interesse em conhecer o modelo cohousing de moradia. A maioria, pessoas entre os 50 e 65 anos, e que estão em busca de uma nova maneira de morar e viver seus anos vindouros com qualidade de vida. 

A pesquisa é inicial e a amostra pequena, mas ela é indicativa de que os maduros, os envelhescentes, querem tomar em suas mãos o processo de envelhecimento, ao invés de deixar estas decisões para os outros.

Um bom exemplo de cohousing retrofitado é o Swan’s Market Cohousing, em Oakland, Califórnia. Era um antigo e icônico mercado, que fechou as portas após um terremoto tomar conta da região em 1989, e que foi depois revitalizado e transformado em um cohousing horizontal.

Hoje, para alguém conseguir se mudar para o Swan’s Market, há que permanecer numa lista de espera. Um sinal do valor que o cohousing pode ter num futuro próximo para o mercado imobiliário dos envelhescentes e seniors em nosso país.

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Edgar Werblowsky é incentivador do cohousing no Brasil, coordenador do Curso Internacional de Cohousing ( www.cursocohousing.com.br ), criador da Free Aging ( www.freeaging.com.br ),  fundador da Freeway Viagens ( www.freeway.tur.br)  e da Immaginare Experiências (www.immaginare.tur.br).  Mora na Serra da Mantiqueira, onde está iniciando o projeto do Cohousing Villa Freeway.