A geração Z já soma mais de 30 milhões de jovens no Brasil, conforme dados estimados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esta é aquela geração que, segundo estudiosos da sociologia, é formada por pessoas nascidas entre 1995 e 2010. 

Ou seja, é a geração que neste momento está deixando as faculdades e entrando no mercado de trabalho, com idades entre 18 e 25 anos. E um dos grandes pontos positivos deste grupo para o mundo corporativo é que as pessoas nascidas no meio para o fim dos anos 1990 já cresceram totalmente imersas na tecnologia. 

São jovens que praticamente não conhecem outra forma de viver senão a vida conectada à internet e totalmente ligada a computadores e telas que respondem aos menores toques. 

Viram pouco da evolução dos celulares e praticamente nasceram com os smartphones, que permitem levar na palma da mão ferramentas como editores de texto, máquinas fotográficas, filmadoras, editores de imagem, som e vídeo, scanners, e-mail, SMS (se é que alguém ainda precisa deles), ligação telefônica... 

É provável que muitos desses jovens sequer tenham visto pessoalmente equipamentos e utensílios que para as gerações X e Y (as duas anteriores) foram bastante comuns, como fax, máquinas de escrever, videocassete, fitas, discos de vinil, disquetes, DVDs... 

 

Gerações anteriores

Falando nelas, vamos conhecer um pouco das duas gerações anteriores e entender em que contexto nasceram os jovens da geração Z, a mais tecnológica no mundo até o momento. 

 

Geração X 

 

São os pais e alguns avós da geração Z. Nascidos entre os anos de 1960 e 1980 – alguns estudiosos acreditam que os principais representantes dessa geração nasceram até os anos 1970. Hoje, têm entre 39 e 55 anos e são aproximadamente 20% da população brasileira. 

A expressão Geração X surgiu na Inglaterra ainda na década de 1950, após um ensaio fotográfico de Robert Capa, que tratava sobre a geração desconhecida, que ainda estava por vir e que tinha um futuro desconhecido pela frente, o X da questão. 

Anos depois, a geração mostrou-se como em parte desvinculada de religiões, sem a crença de ter que guardar o sexo para depois do casamento e formada por pessoas que contestavam diversas regras das gerações anteriores. 

Principalmente no Brasil, integram um grupo que viveu nos anos 1980 uma profunda crise econômica no país. Por isso, têm no trabalho uma grande preocupação e são extremamente dedicados. 

Essa geração é comumente resistente a mudanças e tem contato relativamente superficial com a tecnologia, muitas vezes restrito ao divertimento nas redes sociais como Facebook e Instagram.

 

Geração Y

 

São os pais ou os irmãos mais velhos da geração Z. Millenials, geração da internet ou geração Y... Essa é a geração dos nascidos entre o início da década de 1980 até pouco antes do início do século XXI, até 1995, mais ou menos.

A geração que surgiu em um período de profunda transição do mundo analógico para o mundo digital. 

A classificação quanto à época do nascimento dos Millenials pode variar um pouco, conforme a definição de diferentes pesquisadores. Um ponto marcante seria o Atentado de 11 de Setembro, do qual os nascidos após 1995, por exemplo, pouco se lembram e cujo impacto foi significativo em todo o planeta.

Outros pesquisadores já avaliam que os Millenials foram os que viram a “chegada do novo milênio”.

O fato é que esta foi a geração que viu, ainda na infância ou adolescência, o surgimento de um mundo completamente urbanizado, tecnológico e conectado à internet. 

Atualmente, a geração Y é a mais numerosa da história moderna e é formada pelos indivíduos de desenvolvimento populacional mais acelerado da humanidade. 

Os Millenials são 50% da força de trabalho de todo o mundo e esse número tende a aumentar para 75% até o ano de 2025.

Atualmente, os integrantes da geração Y estão totalmente integrados às novas tecnologias, dominam conhecimentos de informática e foram os primeiros a contestar muito do que era “lei” para as gerações anteriores. 

 

Infância e adolescência impactadas pela internet

Enquanto praticamente todas as crianças das gerações anteriores batiam o pé para ficar na rua brincando com os amigos, essa foi a geração que se divertiu quase que totalmente parada diante de uma tela. 

Seja por conta dos streamings que repetiam infinitas vezes o filme preferido ou graças aos canais no Youtube com aquele conteúdo infantil, as crianças dessa geração e, agora os adolescentes e jovens adultos, são os que menos se divertem na rua. 

De acordo com a Pew Research Center, caiu consideravelmente a quantidade de jovens que se divertem em festas e noitadas. 

Para se ter uma ideia, o percentual de jovens entre 17 e 18 anos que consomem bebida alcoólica caiu praticamente pela metade (54 contra 30%) de 1991 a 2018, conforme a pesquisa.

A queda não foi apenas no consumo de álcool, o que poderia representar algo positivo, de certa forma. Mas eles também dirigem menos e têm menos relações sexuais. 

Segundo especialistas, isso pode representar de certa forma um problema na capacidade comunicacional e de expressão dos sentimentos, devido ao constante refúgio dessa geração por trás das telas tantas e tantas vezes, desde que nasceram. 

São jovens hiperconectados, muito ágeis, práticos e inteligentes, mas que por vezes praticamente não interagem com seus pais, amigos e vizinhos. 

Por outro lado, estão sempre em interação constante com pessoas de todos os lugares do mundo. 

Abismo entre classes

Muitos especialistas avaliam que a chegada da geração Z deixou ainda mais evidentes questões problemáticas como a desigualdade social. 

Isso porque um dos pontos fortes dessa geração, a conectividade e o acesso facilitado a certas tecnologias, só é possível a quem possui recursos para isso. 

Atualmente, praticamente todos os jovens possuem smartphones, mas nem todos possuem aparelhos com tecnologia suficiente para acessar com qualidade e velocidade todos os conteúdos. 

A necessidade de aulas remotas durante a pandemia da Covid-19 deixou isso bastante evidente. Muitos foram os jovens que tiveram enormes dificuldades para acompanhar as aulas online por dificuldade no acesso à tecnologia. 

Enquanto a maioria dos jovens de classe média acessa centenas de vezes por dia o Instagram, pede um Uber pelo celular, assiste a séries e filmes na Netflix e pede um delivery pelo iFood para comer quando chega em casa, os jovens mais pobres não conseguem ter acesso a esses serviços tão “acessíveis” e “simples”. 

A desigualdade social sempre existiu, mas os estudiosos avaliam que ficou mais evidente nos últimos anos. Além disso, claro, a crise econômica que atinge todo o mundo tem grande impacto sobre a geração e a forma como encaram o mundo. 

 

Percepção de mundo 

 

Contudo, a “hiperconectividade” dessa geração garantiu características consideradas bastante positivas por sociólogos e psicólogos. 

São considerados os mais inclusivos, questionadores, tolerantes, ativistas e altruístas dentre todas as gerações. 

O contato constante com tanta informação, tantas pessoas tão diferentes, com características e necessidades diversas fez com que essa geração crescesse com uma percepção do “outro” bastante diferente. 

São também os mais autodidatas, ótimos solucionadores de imprevistos e bastante práticos e objetivos. 

Isso porque a interação simultânea em vários ambientes digitais e a velocidade no processamento de informações garantiu essa característica “hipercognitiva” a essa geração.

Se preocupam com as outras pessoas e, de forma geral, querem realizar atividades não apenas para satisfazer o ego, ganhar dinheiro ou qualquer coisa do tipo. 

Têm como objetivo de vida e prioridade os estudos, o aprendizado, realizar atividades que contribuam para a sociedade e melhorem a sociedade em que vivem. 

 

Geração Z no trabalho

 

Um estudo da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) junto com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) mostra bem como pensa essa geração sobre a vida profissional e pessoal.  

Para os jovens com idades entre 18 e 24 anos, são prioridades a qualidade de vida e o bem estar, em detrimento de simplesmente ter um excelente emprego – o que já foi a grande prioridade das gerações anteriores. 

Para 42% dos jovens entrevistados, trabalhar com o que gosta é sinônimo de sucesso profissional. E para 39% dos jovens, a grande prioridade e o grande sinal de sucesso é conseguir equilibrar o trabalho e a vida pessoal. 

Ser reconhecido pelo que faz (32%) foi a terceira opção mais escolhida e, apenas em último lugar, ganhar bem (31%) foi citado pelos jovens. 

Uma das prioridades para essa geração parece ser a fuga das figuras de autoridade - não querem ter chefes. Preferem um ambiente de trabalho mais informal e mais acolhedor, que tenha afinidade com suas escolhas pessoais de vida. 

Por isso, estão mais adeptos ao trabalho em home office, por exemplo. Um dos pontos negativos dessa forma de visão de trabalho é o aumento da informalidade e o pouco apreço a conquistas trabalhistas importantes como a previdência e aposentadoria, por exemplo. 

 

Geração Alpha 

 

Essa é a geração dos nascidos pós 2010. Para essas crianças, não há mais barreiras entre o mundo físico e o virtual. 

A grande diferença entre a geração Z e os Alpha é que, quando nasceram, até mesmo seus pais já estavam totalmente conectados. 

Por isso, para eles, é impossível pensar um mundo onde não haja telas interativas, internet e conexão sem barreiras com todo o mundo. 

Da mesma forma que com a geração anterior, esse acesso tão fácil e constante à rede pode ser excelente para o desenvolvimento cognitivo mas preocupante para o desenvolvimento pessoal e emocional dessa geração que hoje ainda é de crianças.