A moradia compartilhada para idosos ainda é nova no Brasil.  Essa forma de morar já é bm famosa entre pessoas mais jovens como estudantes. Apesar disso, um fenômeno interessante vem crescendo e chamando a atenção do mercado: a procura por este modelo de moradia compartilhada para idoso.

 

Você já ouviu falar sobre o movimento ageless? Este termo ganhou destaque na mídia recentemente, representando pessoas com uma maior faixa etária mas, que não se definem por isso.

 

Elas não querem se manter amarradas aos estereótipos de sua idade. Querem quebrar o estigma de envelhecer, mostrando que podem fazer, usar ou manter hábitos iguais aos dos mais jovens.

 

Na prática, essas pessoas estão se mostrando capazes e interessadas por diversas atividades. Desde se mostrando ativamente em suas profissões, até desempenhando hábitos e hobbies mais ativos.

 

Mas além disso, muitas dessas pessoas também estão demonstrando um maior interesse em estilos de vida diferentes, como por exemplo, na  moradia compartilhada . 

 

Ela se torna uma ótima opção para se manterem socialmente ativos, descartando  inclusive opções como apartamentos maiores por opções menores e mais compactos. Fáceis de serem mantidos. Ou até mesmo os asilos, que até hoje possuem uma conotação mais negativa, mas podem significar uma série de vantagens para pessoas mais velhas.

 

Estamos presenciando um novo público interessado pela moradia compartilhada. Pessoas mais velhas que enxergam o potencial e as vantagens desse modelo e, como podem contribuir para sua nova proposta de vida mais ativa.

 

É uma mudança muito fascinante, que iremos abordar a fundo neste texto. Aqui, conheceremos a fundo o movimento ageless e como a moradia compartilhada pode se encaixar perfeitamente em seus ideais. Veja os tópicos que serão abordados:

 

  • O que é moradia compartilhada?
  • O que é o movimento ageless?
  • Como funciona a moradia compartilhada para idosos?
  • O que é epidemia da solidão?
  • Quais as vantagens da moradia compartilhada para quem se considera ageless?
  • Quais as desvantagens da moradia compartilhada para idosos?
  • Exemplos de moradia compartilhada para os mais velhos.

 

Vamos começar!

 

O que é moradia compartilhada?

A moradia compartilhada é muito simples de se entender. É quando duas ou mais pessoas dividem um mesmo lar, suas despesas e tarefas domésticas. Elas podem ou não ser da mesma família ou círculo de amigos, o que irá depender de acordo com a preferência de cada um.

 

O principal objetivo de uma moradia compartilhada é incentivar a colaboração entre os moradores. Ou seja, que ajudem uns aos outros no dia a dia para que consigam usufruir do lar em seu dia a dia.

 

Existem diversos modelos de moradia compartilhada pelo mundo, cada um com suas características, ideais e perfil de inquilino. 

 

Como exemplo, os estudantes adoram as clássicas repúblicas, onde cada um pode ter seu quarto mas irá compartilhar os espaços comuns. Seus inquilinos vivem de maneira mais independente, mesmo que tenham que dividir a sala, cozinha e lavanderia.

 

Outra opção muito famosa é o coliving, que possui como característica seu forte estímulo ao estilo de vida colaborativo. Diferentemente do anterior, sua proposta é incentivar que as pessoas se ajudem em questões do dia a dia. Desde o preparo do café da manhã, até o compartilhamento de roupas e objetos.

 

A vivência em grupo é muito mais estimulada. Ainda, as administradoras do condomínio costumam realizar diversos eventos e atividades com esse objetivo, proporcionando uma enorme troca de experiências.

 

Os benefícios de viver em uma moradia compartilhada são enormes. Tanto é que em uma pesquisa feita pelo ZAP Imóveis em 2019, 30% dos brasileiros estariam dispostos a seguir esse modelo.

 

O que é o movimento ageless?

O movimento ageless é uma importante tendência que vem chamando a atenção de diversas marcas nos últimos anos. Ele é formado por pessoas - normalmente acima dos 50 anos - que não querem mais ser definidas por sua faixa etária.

Seus membros pretendem quebrar os estereótipos preconceituosos do processo de envelhecimento, que muitos associam com o sedentarismo e um estilo de vida mais calmo. 

 

Essas pessoas “sem idade” desejam ser livres de qualquer patrulha ou amarra, mostrando que podem fazer o que quiserem sem limite ou dificuldade por suas idades.

 

Seja na roupa que querem usar, maquiagens mais chamativas, hobbies agitados e radicais, ou qualquer outra prática.

 

Cada um possui seu perfil, gostos e hábitos, que não precisam ser limitados somente porque estão mais velhos.

 

Em entrevista à Folha de Londrina, a consultora de imagem e estilo Rô Maciel, de 61 anos, explicou melhor o propósito do movimento. Que em sua maioria, é composto por mulheres. Veja o que disse:

 

“Não queremos esse rótulo, queremos ser uma mulher sem idade. Com o passar do tempo, a gente apura mais sobre isso, e se liberta de todos os padrões, culpas e amarras. Conquistamos uma liberdade que não temos quando somos mais novas, e conseguimos entender que o olhar do outro vai sempre ser o do outro. Se você está bem, segura e saudável, é isso que importa”.

 

No Brasil, a atriz Claudia Raia é uma das mais importantes porta-vozes do segmento. 

 

Mas afinal, qual a relação do movimento ageless com a moradia compartilhada?

 

Muito mais do que você imagina! Vamos descobrir.

Como funciona a moradia compartilhada para idosos?

Muitos acreditam que a moradia compartilhada é voltada principalmente ao público mais jovem. Contudo, muitos empreendimentos já estão surgindo e se popularizando, criados para pessoas mais velhas.

O número de pessoas acima de 65 anos deve chegar a 58,4 milhões em 2060, segundo o IBGE. Uma quantidade relativa da população nacional, que vem chamando bastante atenção das construtoras.

 

Ao enxergarem esse aumento, muitas buscaram construir edifícios práticos e seguros, voltados para essas pessoas. Com eles, os idosos teriam maior liberdade e autonomia em seu dia a dia, sem se limitar ou depender de seus amigos ou familiares.

 

No Brasil, os cohousings são alguns dos modelos de moradia compartilhada que mais chamaram a atenção dos idosos. Em um mesmo terreno, diversas casas são construídas com foco na integração e colaboração de seus moradores.

 

Isso significa que cada um terá seu próprio espaço, mas irá compartilhar os espaços internos e externos do local. O que inclui desde a lavanderia e cozinha, até o jardim, áreas de lazer e muitos outros.

 

Ele funciona como um pequeno vilarejo, que incentiva um estilo de vida colaborativo e sustentável. Para os idosos, é uma excelente opção que vem sendo cada vez mais buscada justamente por esse compartilhamento do dia a dia.

 

Em entrevista, Bento Carvalho Jr., um dos coordenadores de um dos cohousings mais famosos no país, comentou sobre esse modelo. 

 

“Quando a pessoa se aposenta, é comum que ela perca os vínculos sociais e se isole. Isso é uma armadilha terrível, porque pode levar a depressão ou outras doenças sérias. A vida compartilhada ajuda a combater essa tendência”, diz.

 

O que é epidemia de solidão?

A epidemia da solidão é um problema grave que acometeu milhares de pessoas durante esse período de isolamento social

A solidão, para muitos especialistas, faz parte de nossa vida. Ela pode se manifestar e ser intensificada por diversos motivos - especialmente em momentos marcantes e de transições. Seja uma separação, a morte de uma pessoa querida ou a mudança para uma outra cidade ou Estado.

 

Com a pandemia e, ainda, o aumento do uso da internet e redes sociais, esse isolamento individual se intensificou ainda mais. Nunca estivemos tão conectados e, ao mesmo tempo sozinhos. 

 

A solidão se espalhou e atingiu milhares de pessoas que se viram sozinhas em seus lares. Em todo o mundo, o Brasil foi a região cuja população mais se sentiu sozinha. Cerca de 50% afirmaram terem essa sensação, segundo o estudo Percepções dos Impactos da Covid-19, do Instituto Ipsos.

 

De acordo com o psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Elson Asevedo, a solidão tem a ver com desamparo. Ela gera uma sensação de despertencimento, de não ser importante para alguém e de não ter com quem contar.

 

Quando não tratada, seus efeitos podem ser devastadores. Diversos estudos comprovaram que ela aumenta as chances de simples resfriados, até doenças cardíacas, nos torna mais vulneráveis ao Alzheimer, pressão alta e, infelizmente, suicídio.

Como a moradia compartilhada pode ajudar?

Com consequências dizimadoras para a nossa saúde, a moradia compartilhada pode ser a ajuda que muitos precisam enquanto ainda estamos nesse momento conturbado.

 

Em um outro estudo feito pela Universidade Harvard, os pesquisadores descobriram o segredo das pessoas que vivem muito. A resposta é simples: cultivando relacionamentos sólidos e felizes.

“Boas conexões sociais são um fator protetor da saúde, enquanto a solidão e as relações tóxicas encurtam o tempo e a qualidade de vida”, disse o psiquiatra Robert Waldinger, diretor do estudo, em uma palestra.

 

Se analisarmos essa teoria na prática, nada a define mais do que uma moradia compartilhada. Mesmo estando em nossas casas, dividi-las com um colega de quarto pode contribuir muito para que não nos sintamos sozinhos.

 

Nesse modelo, você terá alguém com quem compartilhar experiências em seu dia a dia. Terá um amigo, com quem criará laços fortes para dividir momentos bons e ruins. 

 

A moradia compartilhada é uma excelente alternativa para aqueles que, de alguma forma, se sentem sozinhos nesse momento difícil. Mas ainda, podem proporcionar diversas outras vantagens para os moradores.

 

Vamos descobrir mais sobre isso.

Quais as vantagens da moradia compartilhada para quem se considera ageless?

Aqueles que se consideram ageless querem quebrar os padrões e fugir dos estereótipos de suas faixas etárias. Não querem se enquadrar no “comum” para suas idades. Mas sim, mostrar que podem fazer o que outros jovens fazem.

 

Na moradia compartilhada, essas pessoas podem justamente contribuir com esses ideais. É um estilo de vida bastante diferente daqueles que moram sozinhos.

 

Aprender a viver em convivência não é fácil, mas para quem se aventura, consegue experimentar enormes benefícios sociais e econômicos. Vamos ver alguns dos principais.

Socialização

Muitas pessoas mais velhas acabam vivendo sozinhas. E como vimos acima, a solidão pode trazer problemas sério para a saúde, independente da idade.

Esse é um problema que ficará muito difícil de acontecer em uma moradia compartilhada. Mesmo que cada um tenha seu próprio espaço em seu quarto, não há como evitar a socialização entre os moradores.

 

Para os ageless, esse é um enorme benefício. Afinal, querem justamente quebrar paradigmas dos comportamentos habituais das pessoas de suas idades. Então, por que não optar por um estilo de moradia em conjunto?

Estilo de vida colaborativo

A socialização é consequência direta do estilo de vida colaborativo da moradia compartilhada.

 

Ao invés de ficarem reclusos em seus lares, as pessoas do movimento ageless podem contribuir e ajudar os outros moradores em diversas tarefas e atividades. 

 

Não há como ficar parado. Eles com certeza serão muito mais ativos em seu dia a dia, mostrando que podem ter a mesma energia que os jovens para fazer diversas atividades.

Economia de recursos

Essa é uma vantagem para qualquer um na verdade. Afinal, quem não gosta de ter uma maior economia no fim do mês?

 

Em uma moradia compartilhada, todos conseguem economizar mais dinheiro, pois dividirão as contas conjuntas de água, luz e gás como exemplo, com os outros moradores.

 

Com esse dinheiro a mais, você pode usá-lo para algum hobbie, viagem ou atividade que goste.

Quais as desvantagens da moradia compartilhada para idosos?

De longe, a principal desvantagem da moradia compartilhada é justamente, a questão da privacidade. Nem todos se adaptam bem a esse estilo de vida, principalmente aqueles que prezam muito pelo seu próprio espaço.

 

Mesmo dentre aqueles que se identificam como parte do movimento ageless. Muitos não se dão bem com essa alta socialização e com o fato de ter que dividir áreas comuns.

 

Por isso, ninguém deve aceitar viver em uma moradia compartilhada sem estar aberto para esse estilo de vida. 

 

É uma mudança muito grande que, se a pessoa não estiver com a mente aberta, pode acabar tendo diversos conflitos e desentendimentos com seus colegas.

Exemplos de moradia compartilhada para mais velhos

Existem diversos exemplos de moradia compartilhada para mais velhos ao redor do mundo.

 

No Brasil, esse modelo ganhou força graças à arquiteta Lilian Lubochinski, fundadora da consultoria Cohousing Brasil. Ela desenvolveu modelos autônomos e próximos, com diversos espaços de uso comum como biblioteca e lavanderias.

 

Em outros países, esse modelo de moradia já é visto há mais tempo, com modelos que ganharam forte popularidade. Veja uma lista especial que separamos com os principais exemplos voltados para os ageless:

Moradia compartilhada no Brasil: Cohousing-sênior Vila ConViver

O espaço ConViver é um dos modelos de moradia compartilhada mais famosos do Brasil.

Foto: http://www.vilaconviver.org.br

Ele foi criado em Campinas, especialmente para os professores aposentados da UNICAMP com mais de 50 anos. Segundo seus criadores, o objetivo era desenvolver um ambiente colaborativo e sustentável para o dia a dia dos moradores.

 

Como é voltado para um público mais velho, sua proposta é criar uma oportunidade de viver uma nova etapa de vida, rica em termos de experiências e relacionamentos em comunidade.

 

Esses ideais acabam proporcionando, como consequência, uma maior socialização e evitando todos os riscos da solidão que mencionamos acima. Assim como problemas de saúde que possam decorrer como a depressão.

Moradia compartilhada no exterior: The Cohousing Company 

Nos Estados Unidos, o The Cohousing Company é uma das maiores organizações voltada à moradia compartilhada.

 

Criada pelo arquiteto Charles Durrett, foi desenvolvido com um forte compromisso na sustentabilidade. Para isso, todas as suas construções utilizam materiais econômicos que causem menor impacto ao meio ambiente.

 

Já são mais de 50 unidades projetadas para todos os públicos, inclusive para os ageless.

Moradia compartilhada para idosos no exterior: Mosaic Village Cohousing - Calgary

O Mosaic Village Cohousing é um dos modelos mais abrangentes em termos de inquilinos.

 

Localizado em Calgary, no Canadá, possui um grupo completamente diversificado, com moradores das mais diferentes idades, culturas e hobbies. 

 

Para atender a todos, o local possui toda a infraestrutura necessária. É bem completo mesmo: com biblioteca pública, bancos, médicos e outros consultórios de saúde.

 

É um conceito bastante aberto e muito indicado para pessoas mais velhas que desejam quebrar barreiras como os ageless. Seu site possui relatos incríveis de seus inquilinos que podem inspirar muitos.

Conclusão

Viver em uma moradia compartilhada é uma ótima opção para aqueles que desejam sair da rotina e se aventurar em novas possibilidades.

 

Especialmente, para aqueles que se consideram parte do movimento ageless. É uma proposta bem diferente do habitual, na qual podem passar por experiências incríveis ao lado de outros que compartilham dos mesmos ideais.

 

Mas antes, lembre-se de entender muito bem a proposta desse modelo de moradia. Esteja ciente de suas características para saber se conseguirá se adaptar a moradia compartilhada para idosos.

 

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