“Cohousing é uma comunidade intencional, formada por pessoas que decidem morar em um mesmo ambiente físico, no qual o terreno, as construções e as demais benfeitorias existentes constituem-se em meios de integração e convívio entre todos os moradores, permitindo e promovendo uma vida comunitária intensa, mas sem impedir que cada morador tenha uma vida familiar de forma privativa.” Charles Durrett

Muito provavelmente, você já deve ter visto um cohousing em algum clássico filme americano. Mas você sabia que eles também existem aqui no Brasil?

 

Eles foram criados com foco em um conceito incrível e revolucionário de compartilhamento e atitudes sustentáveis. Muitos ainda não conhecem esse modelo, muito menos suas vantagens. Mas não pense que isso signifique que são pouco vistos ou buscados por inquilinos.

 

Inclusive, várias pesquisas já provam justamente essa tendência!

 

Como exemplo, está um estudo feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL)  sobre consumo colaborativo no país. 

 

Nele, cerca de 63% dos brasileiros afirmaram já terem vivenciado morar em um cohousing ou ainda, que poderiam se adaptar facilmente a esse estilo de vida. Afinal, seus moradores enxergam facilmente as vantagens incríveis desses ambientes. 

 

Elas envolvem não somente questões sociais, como também econômicas e ambientais - conceitos que vêm ganhando um aumento enorme de discussão e preocupação em todo o mundo!

 

Que tal conhecer um pouco mais sobre essas moradias e seus benefícios? Nos acompanhe neste texto e descubra tudo sobre o cohousing, como funciona e alguns dos maiores exemplos dessas moradias no Brasil.

 

Veja os tópicos que serão abordados:

 

  • O que é cohousing?
  • Quais as vantagens e desvantagens de morar em um cohousing?
  • Cohousing é a mesma coisa que coliving?
  • Quais os cohousings no Brasil?
  • Tem cohousing em São Paulo?
  • Cohousings mais famosos do mundo.

 

Vamos começar!

O que é cohousing?

O cohousing é um modelo de moradia compartilhada muito parecido e, até mesmo, confundido com o coliving. Porém, que possui diferenças bastante evidentes.

 

Ele é muito parecido com um pequeno vilarejo privado, formado por casas parecidas entre si. Em um mesmo terreno ou área, cada morador possui sua própria residência, mas compartilha todos os espaços internos ou externos do local.

 

Isso inclui desde a lavanderia e cozinha, até o jardim, áreas de lazer e muitos outros. 

O cohousing surgiu na Dinamarca, nos anos 60. Mas hoje, se espalhou e já é visto em diversos países, sempre visando neste estilo de vida colaborativo e saudável. Se tivéssemos que resumir suas principais características, estes seriam as principais:

 

  • Arquitetura: as casas são construídas pensando em proporcionar uma maior proximidade entre as pessoas. Normalmente, uma vila de cohousing possui entre 20 e 40 casas, de frente umas para as outras e sem muros as separando;
  • Casa própria: cada morador possui sua casa individual;
  • Vida conjunta: todas as outras tarefas como cozinhar e lavar roupas, ou até mesmo atividades de lazer são realizadas em espaços compartilhados do terreno.
  • Meio ambiente: o cohousing se preocupa com a sustentabilidade. Por isso, incentiva essa prática entre seus moradores - pelo uso de bicicletas, preferência por transportes coletivos, dentre muitas outras ações.

  

Quais as vantagens e desvantagens de morar em um cohousing?

Assim como qualquer modelo de moradia, o cohousing possui suas vantagens e desvantagens. Nem todos podem se adaptar a este estilo, é preciso estar completamente de acordo com seus princípios e de mente aberta.

 

Por isso, separamos abaixo as principais vantagens e desvantagens para que você possa analisar com cuidado antes de se mudar. Veja:

Vantagens do cohousing

Muitos cohousing estão estrategicamente localizados em pontos importantes da cidade, o que definitivamente é uma enorme vantagem. Eles podem estar próximos a estações de transporte público ou até mesmo grandes avenidas, o que facilita muito a locomoção.

Principalmente, se levarmos em consideração que muitos dos inquilinos desse modelo de moradia são pessoas mais jovens, que precisam desse fácil acesso para ir estudar ou trabalhar.

 

Outra vantagem dos cohousing é a otimização do tempo graças ao estilo de vida colaborativo. Ao dividirem as áreas comuns, os moradores podem se ajudar e dividir tarefas como limpeza e manutenção do jardim. Dessa forma, ninguém ficará sobrecarregado.

 

No âmbito financeiro, os cohousings são bem mais econômicos do que outros tipos de moradia, o que também é muito atrativo! Afinal, quem não quer economizar um pouco de dinheiro para poder gastar com viagens, passeios ou outras atividades?

 

Por ter compartilhamento, em geral o consumo de água e energia costuma ser menor. Isso porque normalmente, as casas são construídas com materiais de baixo impacto ambiental. Outro ponto fundamental é a economia de tempo! Cada um pode gastar menos tempo para manter a casa limpa e arrumada, dado que as atividades são compartilhadas por todos. Como consequência, o Cohousing proporciona um estilo de vida mais sustentável com menor impacto ambiental.

 

Por fim, o cohousing estimula um enorme networking. Você irá conviver com pessoas de diferentes idades, hábitos e costumes, com as quais pode se entrosar e criar laços incríveis!

Desvantagens do cohousing

Toda moeda possui seus dois lados, e com o cohousing não seria diferente.

De longe, sua principal desvantagem é a falta de privacidade. Mesmo que cada pessoa tenha sua casa, os espaços comuns serão compartilhados entre todos. Desde os espaços mais abertos até a cozinha e lavanderia.

 

É um estilo de vida totalmente colaborativo, onde todos os moradores prezam justamente por esse compartilhamento. Então, se você é daqueles que prefere ter seu próprio espaço, talvez não se adapte muito bem nesse estilo de vida.

 

Cohousing é a mesma coisa que coliving?

Já sabemos que a resposta é não! É comum que muitos confundam esses modelos, principalmente pois ambos defendem um estilo de vida colaborativo. Mas não se engane, essa é apenas uma coisa em comum dentre importantes diferenças entre eles.

 

Enquanto no cohousing cada morador possui sua própria casa, no coliving é diferente. Sua proposta é que os inquilinos dividam um mesmo imóvel, seja um apartamento ou uma casa. 

 

Cada um terá seu próprio quarto completamente mobiliado com ou sem banheiro (dependendo do imóvel). Porém, assim como no cohousing, compartilharão os espaços comuns como cozinha, lavanderia e, até mesmo áreas de lazer como a academia.

 

Financeiramente, ambos são modelos mais acessíveis. Tanto é que os colivings são muito mais buscados entre estudantes, pessoas que precisam se mudar constantemente devido ao trabalho ou, principalmente, aqueles que estão se mudando pela primeira vez.

 

Coincidentemente, o coliving também surgiu na Dinamarca, mais especificamente em 1972. O primeiro imóvel construído, denominado Saettedammen, abrigou 35 famílias! 

 

Cada uma tinha seu próprio espaço e compartilhava os espaços em comum. Além de outras atividades incentivadas como festas, eventos e até mesmo refeições em comunidade.

 

Se quiser saber mais sobre o coliving, temos um texto completo em nosso blog com tudo o que você precisa saber! Para ler, é só clicar no link a seguir: Coliving: saiba como funciona a moradia compartilhada.

 

Quais os cohousings no Brasil?

No Brasil, o cohousing começou a ganhar força pela arquiteta Lilian Lubochinski, fundadora da consultoria Cohousing Brasil.

Lilian Lubochinski - Foto: Crie Futuros

Suas moradias, autônomas e próximas, possuem diversos espaços de uso comum como biblioteca e lavanderias. Além disso, também possuem uma cozinha e um ambiente para refeições coletivas para aqueles que desejam confraternizar. 

 

Apesar de ainda não serem tão numerosos, existem alguns exemplos de projetos de cohousings que merecem ser destacados. Confira:

Conexão Gaia - Belo Horizonte

Conexão Gaia - Foto: Conexão Gaia Cohousing BH

O Conexão Gaia, localizado em Belo Horizonte, foi criado com o objetivo de construir um novo jeito de morar juntos. Cada um na sua própria casa, mas compartilhando espaços em comum, mantendo a convivência colaborativa e coletiva.

 

O movimento teve início em 2017 com o auxílio de Lubochinski, quando realizaram o primeiro Encontro de Introdução ao Cohousing em BH. Ainda em formação, seus membros se reúnem com frequência para discutir o futuro deste cohousing.

 

Segundo sua fundadora, o projeto se apoia nas vertentes de sincronicidade, atitude, trabalho planejado e organizado. Tudo com propósito e cooperação. Além disso, ela também gerencia o Cohousing Minas, espaço virtual destinado ao mesmo objetivo.

 

Em suas páginas do Facebook e Instagram, estão sempre compartilhando as novidades e conquistas do projeto. Assim como os meios de contato para quem deseja fazer parte e contribuir.

Tem cohousings em São Paulo?

Tem sim! Inclusive, em uma cidade muito famosa por sua qualidade de vida e universidade altamente renomada em todo o país.

 

Cohousing-sênior Vila ConViver

Vila ConViver - Foto: http://www.vilaconviver.org.br

Localizado no no bairro Jardim Alto da Cidade Universitária, em Campinas, o Cohousing-sênior Vila ConViver foi criado especialmente para os professores da UNICAMP. Mais especificamente, os que já estiverem aposentados ou com mais de 50 anos em vias de se aposentar.

 

Após terem visitado diversos modelos de habitação para idosos no Brasil e ao redor do mundo, enxergaram no cohousing a melhor solução para o que estavam buscando.

 

Para proporcionar este estilo de vida colaborativo e sustentável, foram definidos alguns pontos importantes que as moradias deveriam ter. Foram eles:

 

  • Refletir e transformar: A proposta era levar os professores aposentados e aqueles que estão próximos da aposentadoria. A ideia era estimular a criação de um novo mundo.
  • Arquitetura social: O modelo deveria incorporar os mais recentes avanços nas áreas da psicologia, geriatria, gerontologia, antropologia e sociologia. Dessa forma, contribuiria para uma vida mais longa, com maior qualidade e segurança.
  • Realidade do envelhecimento: O cohousing deve focar na oportunidade em viver uma nova etapa de vida de maneira extremamente rica em termos de experiências e relacionamentos em comunidade. Como consequência, evitando os perigos do isolamento que possam levar à depressão e outros problemas de saúde.

 

Em entrevista ao Viva à Longevidade, a professora aposentada Dione Lucchesi disse estar extremamente contente com o resultado. 

 

“O que me motivou a integrar o projeto Vila ConViver foi o fato de que vi ali uma proposta de vida diferenciada. Não era fazer um condomínio, mas alterar as relações entre as pessoas. E isso me deu ânimo de vida, porque estamos em um momento em que essas coisas não são valorizadas”, disse.

 

Hoje, a vila possui 66 moradores. Ainda, com a previsão de construir 42 casas com 100 m² e outras quatro com 50 m².

Cohousing mais famosos do mundo

Em outros países, o cohousing já é um conceito mais concreto. Existem várias comunidades espalhadas pelo mundo que já conquistaram enorme sucesso. Confira uma lista especial que separamos:

Trabensol - Madrid, Espanha

A comunidade de Trabensol, em Madrid, foi a primeira a ser criada na Espanha em 2013. Até hoje, se destaca como uma das mais importantes e famosas quando falamos sobre o cohousing.

Trabensol - Madrid, Espanha - Foto: https://www.elmundo.es

O projeto, sem fins lucrativos, foi desenvolvido para que pudesse tornar realidade essa habitação colaborativa voltada aos idosos. Seus princípios são orientados com base no envolvimento entre pessoas amigas que fizeram da solidariedade, da cooperação, da ajuda mútua e do espírito de acolhimento, os valores centrais da sua convivência.

 

Com cerca de 80 moradores, eles se organizam em vários comitês para que sigam o propósito colaborativo de seus lares. De economia à jardinagem, cada grupo é responsável por desenvolver as atividades abertas a todos.

The Cohousing Company - Estados Unidos

Cohousing Company - Foto: https://www.cohousingco.com

Lembra do arquiteto americano Charles Durrett que mencionamos no começo do texto? Junto com outros consultores e especialistas, formaram um dos maiores centros especializados neste modelo de moradia: o Cohousing Company.

 

Eles possuem um forte e inabalável compromisso com a sustentabilidade. Em suas construções, usam inúmeros materiais mais econômicos e que causam menores impactos ao meio ambiente.

 

A companhia já projetou cerca de 50 comunidades nos Estados Unidos. Dentre elas, a Muir Commons em Davis, na Califórnia, foi a primeira desenvolvida e destaque nos mais renomados jornais americanos.

 

O trabalho de Durrett é incrível e lhe rendeu inúmeros prêmios ao longo de sua carreira. Veja alguns dos mais importantes:

 

  • World Habitat Award, apresentado pelas Nações Unidas;
  • Silver Achievement Award para a Comunidade de Adultos Ativos, pela National Association of Home Builders (NAHB) 50+ Housing Council;
  • Silver Energy Value Housing Award, da NAHB.

Mosaic Village Cohousing - Calgary

Imagem Virtual: https://treehousevillage.ca/common-house/

O Mosaic Village Cohousing em Calgary, no Canadá, é voltado para públicos das mais diferentes idades, interesses e origens. Possuem um grupo completamente diversificado, desde idosos até casais e jovens.

 

O complexo possui uma infraestrutura completa com tudo o que seus moradores precisam. De biblioteca pública a bancos, médicos, dentistas e outros consultórios de saúde.

 

Além disso, o bairro no qual está localizado é próximo a alguns dos maiores hospitais e centros de saúde da cidade. Fora as diversas opções de lazer que também se encontram ao redor como parques, trilhas, shoppings e instalações recreativas.

 

Em seu site, é possível conhecer melhor sobre a comunidade, serviços disponíveis e, ainda, histórias inspiradoras de seus moradores. Vale a pena conferir!

 

Conclusão

O cohousing é um modelo de habitação incrível! Seu senso de colaboração e interação entre os moradores é inspirador e muito vantajoso para todos os seus membros.

 

Os exemplos que vemos ao redor do mundo devem servir como apoio para que esse modelo se concretize no Brasil. Felizmente, já temos projetos em andamento que podem servir de impulso para que outros sejam criados.

 

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