São Paulo é, entre outras coisas, a capital cultural do Brasil: não apenas por suas centenas de museus, cinemas , palcos, centros culturais e espaços de lazer, mas por ser um museu aberto de arte urbana. No meio da rotina apressada e do trânsito caótico, é possível ver exemplos do que é chamado de arte urbana por todas as partes. De grafites de artistas famosos até artistas desconhecidos que se destacam pela criatividade, passando por murais de adesivos e lambe-lambes que você com certeza já viu, os muros de São Paulo são um espaço de expressão para todos os gostos.


Somos apaixonados por essa cidade, em especial pelo centro de São Paulo - que já foi considerado um dos melhores bairros do mundo! Nesse texto você ainda pode conhecer os benefícios de se morar no centro da cidade.  Toda essa cultura nas ruas comprova que o centro é um museu aberto de arte urbana de São Paulo, e é só mais uma das coisas que alimentam essa paixão: a arte de rua não precisa de tempo, espaço, ou reconhecimento para acontecer, ela só precisa da rua. É uma expressão livre, por isso ela acontece nos lugares mais diversos, muitas vezes por artistas anônimos.


Nós separamos alguns exemplos do que faz a cidade ser considerada um museu aberto de arte urbana, e alguns exemplos do que você pode ver pelas ruas da cidade, decorando trajetos diários de milhões de pessoas. Você, que é paulistano ou não, já parou pra reparar em algumas dessas obras famosas?

   

 


1. Eduardo Kobra


O Kobra é com certeza um dos artistas mais conhecidos quando se fala em arte urbana e grafite - e isso não vale só para as terras tupiniquins, mas para o mundo todo. Já pintou painéis em todos os cinco continentes, mas é em São Paulo, sua cidade natal, que ele trabalha mais ativamente – ao ponto de tornar a cidade de São Paulo conhecida internacionalmente por sua arte de rua. Ele possuí duas características que se destacam de outros artistas: em primeiro lugar, sua trajetória de pichador a grafiteiro, artista visual e atualmente, “muralista” - que é como ele se define. Em segundo, seu estilo com formas geométricas e cores vibrantes, inconfundível – você provavelmente já viu um trabalho dele, mesmo sem saber seu nome.

Grafite: Kobra


   

   

   

2. Luis Bueno - O Pelé beijoqueiro


Essa é outra imagem que você já viu nos grafites pelas ruas de São Paulo – e que também ganhou o mundo por ser arte urbana. A obra é de autoria do designer e artista de rua Luís Bueno, que começou a série a lambe-lambes (uma técnica de impressão e colagem muito utilizada em outdoor de propaganda e cartazes) a mais de dez anos. A inspiração veio de uma foto de Pelé abraçando Muhammad Ali em 1977, nos Estados Unidos: o artista percebeu a possibilidade de encaixar diversos personagens no abraço de um dos maiores símbolos da cultura brasileira.

Grafite: Luis Bueno e o Pele Beijoqueiro


O sucesso foi tão grande que o hoje a fórmula do Pelé beijando alguém é copiada por muitos outros artistas – mas essa é justamente a sacada da arte de rua: colocar uma obra no espaço público, no caminho meio do caminho das pessoas, para quem nunca entrou em um museu também veja uma obra de arte. O fama (ou o anonimato) é só mais um detalhe.

       

3. Minhocão


O Minhocão (oficialmente Elevado Presidente João Goulart) é o melhor exemplo de museu aberto de arte urbana de são paulo. É um ótimo exemplo de como os espaços do centro de São Paulo são usados de muitas formas por muitas pessoas diferentes e onde o grafite e a arte urbana ganham destaque.  A via expressa de 3 km liga a Praça Roosevelt até o Parque da Água da Branca na Barra Funda, sendo um importante corredor leste-oeste da cidade de São Paulo – em horário comercial. Das 20h às 7h e aos fins de semana, a via é fechada aos carros e vira um corredor cultural a céu aberto, muito parecido com o que acontece com a Avenida Paulista. A parte de baixo da estrutura serve de abrigo para boa parte da população de rua da cidade – e também serve de tela para muitos grafites e lambe-lambes.

grafites vistos do minhocão


Como a arte de rua é por natureza efêmera, muitas obras vêm e vão: algumas são apagadas pela ação do tempo, outras são pintadas para que outros artistas tenham espaço. De qualquer forma, alguns murais de grafite se destacam no trajeto do minhocão: Nina, de grafiteiro Apolo Torres, pode ser vista logo na entrada do elevado, na praça Roosevelt. As obras de Felipe Morozini e de Paulo Cesar Silva (conhecido como Speto) também merecem destaque – mas o trajeto todo é permeado por murais de artistas famosos e anônimos, certamente vale a uma visita aos finais de semana.

Menina pegando livros no ceu, grafite em empena cega de Apollo Torres

   

   

4. O Museu Aberto de Arte Urbana de São Paulo (MAAU-SP)


Esse é o primeiro museu aberto de arte urbana de São Paulo e, segundo os organizadores, também é o primeiro do mundo. São 66 painéis de grafite instalados nas colunas que sustentam os trilhos do metrô na Av. Cruzeiro do Sul, Zona Norte de São Paulo – local considerado berço do grafite paulistano na década de 1980.


Tudo começou quando um grupo de onze grafiteiros foram presos no local por não possuírem autorização legal do Metrô de SP para pintarem as colunas. Na delegacia, Binho Ribeiro e Chivitz (atualmente, curadores do MAAU-SP), rascunharam um projeto que foi apresentado a Secretaria de Estado da Cultura e ao presidente do Metrô. Meses depois, o projeto foi aprovado e o Metrô ainda forneceu a tinta para que os 58 artistas participantes pintassem os painéis de arte urbana. O museu foi inaugurado em 2011 e segue aberto para visitação, sendo um exemplo de como artistas de rua às vezes são tratados como marginais por seu trabalho.

Grafite: Museu a Ceu aberto na zona norte de São Paulo

   

   

5. Avenida Senador Queirós – Mundano


Thiago Leite (mais conhecido por Mundano) tem se destacado como um dos principais expoentes da arte urbana contemporânea no Brasil. O artista paulistano procura chamar a atenção para questões políticas e ambientais no grafite: dono de um olhar extremamente atento às questões sociais de uma cidade como São Paulo e um senso de humor extremamente refinado, já teve suas obras exibidas em diversos países e já fez palestras até na ONU.


Em 2012, começou o movimento “Pimp my carroça”, onde grafita os carrinhos de catadores de recicláveis, em uma tentativa de resgatar a autoestima desses trabalhadores. De lá pra cá, o trabalho já recebeu ajuda de mais de 1900 voluntários em 39 cidades e 8 países. Segundo o artista: “se pintarmos todas as carroças de São Paulo vamos inaugurar a maior exposição de arte ambulante do mundo, para uma população que em sua maioria não frequenta museus nem galerias".


Na Avenida Senador Queirós, perto do Mercado Municipal, o artista pintou recentemente uma releitura do quadro “Os Operários” de Tarsila do Amaral em grafite– usando a lama tóxica do desastre em Brumadinho como tinta.

Grafite Mundano: inspiração em Tarcila do Amaral, feito com lama tóxica de brumadinho

     

     

6. Av. Prestes Maia - Daniel Melim


O mural de Daniel Melim virou um ícone da arte urbana da cidade de São Paulo – daquelas fotos obrigatórias para todo mundo que estiver turistando pela cidade. Os grafites do artista trazem diversos clichês sociais e personagens estereotipados, formando um repertório visual que dialoga com muitas das nossas referências culturais e provocam reflexões interessantes.


Pode ser visto na Avenida Prestes Maia, em frente à Pinacoteca: um lugar que, se tratando de roteiros culturais por São Paulo, com certeza deve estar em qualquer lista: o museu é considerado a melhor instituição de cultura do país.

Grafite de Daniel Melin na Prestes Maia

   

   

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